Carlos Albarran
por em 15 Novembro, 2021
162 visualizações

A ÚLTIMA PESCA

(percurso simbólico)

Certo dia fui à pesca, não levei cana nem qualquer outro apetrecho, pois não era propriamente peixe o que queria pescar, ainda nem sabia bem o que ia pescar, mas ia...

Depois de bastante caminhar encontrei um ribeiro, olhei-o, para a direita e para a esquerda, corria como um cavalo fogoso por entre montes e vales, contornando, arrastando, desviando obstáculos, admirei a sua adaptabilidade, a sua destreza a sua força no seu trabalho de modelar a terra, admirei a sua beleza e nesse momento pareceu-me ter pescado algo; mas, ali não vi mais que pescar. Para que lado seguir? Na direcção da foz certamente haveria muito maior abundância, daquilo que ainda nem sabia, mas que queria; porém quando ia para dar o primeiro passo nessa direcção, senti sede, baixei-me para beber, mas, mais próximo da água, verifiquei o quão suja ela ali se encontrava, então resolvi subir mais um pouco à procura de água mais limpa, assim caminhei, caminhei, observando o ribeiro na esperança de encontrar líquido mais puro, porém, depois de muito andar, verifiquei que era o próprio movimento do ribeiro que o fazia ficar turvo, e quanto mais se agitava, mais se turvava, que só nos raros momentos em que se acalmava e estendia, é que as águas se conseguiam clarificar, precipitando as suas densidades; esses momentos, aproveitava-os para me lavar, molhar a mão e refrescar os lábios, pois a sede apertava cada vez mais, mas não me atrevia porém a ingerir qualquer gota, pois que ainda eram impuras.

A sede já era tanta, que, decidi ir mesmo até à fonte, onde com certeza o líquido seria puro e cristalino. Para lá dirigi os meus passos; à medida que andava, reparei, que se tinha tornado mais fácil caminhar; pois que antes toda a atenção estava dirigida para o ribeiro, e isso me fazia tropeçar aqui e ali nalgumas pedras, buracos, e outros obstáculos no caminho, cheguei mesmo a cair e me magoar, e até tive que usar aquela água, mesmo impura, para lavar as feridas; mas de certo modo valeu a pena esse caminhar ao longo do ribeiro, pois que pude com ele aprender muitas coisas: ele me ensinou como com a sua humildade conseguia contornar todos os obstáculos e assim continuar o seu caminho, porém essa humildade não lhe diminuía em nada a força, tantas vezes demonstrada ao fazer rebolar enormes pedregulhos e outros objectos que ameaçavam impedir-lhe a marcha, com ele também aprendi a partir pedras lançando--as umas contra as outras, mas ficando bem afastado desse conflito, aproveitando então para observar o seu interior com as suas arestas vivas, assim momentaneamente reveladas, e como era necessário estar bem atento nesse instante, pois que, logo em seguida, com o rolar, as faces lisas e brilhantes dos cristais logo se tornavam baças, mas nesse instante, mostravam-se então os veios, que, quais correntes vivas, modelavam a estruturação das formas, depois, com o aumentar dos choques as arestas se iam quebrando e arredondando para melhor seguirem seu caminho, corrente abaixo; era admirável a insistência desse ribeiro, reduzindo pedras a areia, e areia a pó era fantástica a sua engenhosidade para demolir montes, e a sua inteligência para para transportar montanhas; com ele aprendi a fazer planícies e a alimentá-las com vida, que se manifestava em formas cada vez mais complexas e belas. Esse ribeiro era uma maravilha, tudo lavava à sua passagem, e por isso mesmo se sujava, mas parecia que nem se importava, preocupando-se mais com a limpeza dos outros do que com a sua própria, logo percebi porquê: cada vez que encontrava uma planície, aproveitava para se espraiar e depositar aquele pó, que para as rochas nuas da montanha, era sujidade, mas que para os planos verdejantes era fermento, aí se retinha, estagnado não, mas como que para descansar dos seus tremendos trabalhos da descida, aí, as mais complexas e variadas formas de vida se multiplicavam, mesmo no seu seio, principalmente na superfície e no fundo, permanecendo o meio mais livre; mas, mal se detinha a contemplar essa beleza que proporcionara, logo seguia vertente abaixo prosseguindo na execução de seus admiráveis trabalhos, dando mostras de dedicado trabalhador.

Sim, agora podia andar mais ligeiro, os olhos já não estavam presos ao ribeiro e a atenção era dirigida predominantemente para o caminho, procurando o melhor terreno para colocar meus passos; e assim fui subindo ao longo do veio de água, por vezes pisando mesmo no seu leito, outras, afastando-me um pouco, para abreviar percurso, mas sem o perder de vista; o caminho era bastante variado, aqui plano e suave, ali íngreme e áspero, ora fácil, ora difícil, claramente visível, ou obscuro, delicioso, ou com obstáculos e armadilhas disfarçadas, umas vezes subindo, outras descendo, mas o sentido resultante era sempre ascendente; e lá segui, e o próprio caminho me ensinava a caminhar: obrigando-me a olhar para baixo quando o terreno era mais irregular, para logo de seguida me fazer olhar para cima para não embater em algum ramo, me ensinou a olhar ao perto, levando-me a observar os pormenores da trilha, e a lançar o olhar à distância para descortinar o mais directo e melhor percurso, também aprendi que é quando se está nos mais elevados terrenos que se consegue olhar mais longe, convindo mesmo, aí parar um pouco para melhor observar, vindo esse tempo a ser facilmente recuperado quando se escolhe uma boa direcção, de modo a se evitarem os mais difíceis obstáculos e se segue pelo mais rápido caminho. Mas, quanto cuidado, quanto discernimento, quanta concentração são necessárias nessas alturas, para pesar todos os prós e todos os contras, quais os obstáculos a rodear, quais os a escalar, quais os a demolir, e quanto equilíbrio se necessita para se manter nesses aguçados picos.

Sim, segui, caminhei, por vezes aproveitando caminhos abertos por outros pés, outras fazendo meus próprios atalhos; cheguei mesmo a embrenhar-me em densas florestas, e até a perder o ribeiro de vista, mas não me perdi, pois sabia qual a direcção, e comigo estava a força suficiente para seguir em frente, a maleabilidade e agilidade para serpentear por entre as árvores, mas principalmente a determinação de alcançar o meu destino, apesar das voltas e reviravoltas que tive de dar.

Foi numa dessas florestas, que, apesar de todos os cuidados que o caminho me ensinou a ter, caí num poço que se encontrava disfarçado no meio do terreno, assim que caí, pareceu-me ter entrado num imenso abismo sem fundo, povoado de tremendos medos, alucinantes dúvidas, e fantásticas ilusões, aí morreu todo o meu orgulho, e a humildade elevou-me o olhar, foi então que vi o furo que eu próprio tinha feito e por onde entrava a luz que me iluminava, e que iluminava tudo ao meu redor, fazendo desaparecer o abismo e todos os seus horrorosos habitantes, então, desaparecido totalmente o medo, dirigi o olhar para o fundo, lá estava a superfície reflectora, donde começou a surgir, destacar-se e clarificar-se a minha própria imagem, e à medida que dela me aproximava ela de mim o mesmo fazia, até quase nos unirmos e um no outro nos fundirmos, aí, nesse plano de união, e de demarcação me dessedentei, aí nada faltava, aí nos amámos e nosso amor irradiámos, aí o leito era ameno, mesmo à medida, as árvores aí tinham a origem de suas raízes e os ramos aí largavam seus frutos, que agora limpos flutuavam nessa pureza; aí tinha tudo, sem mesmo necessitar de me mover, e aí permaneci; aí era fácil pescar.

Porém a vontade de atingir a fonte, que por sinal devia já estar bem perto, fez-me levantar, dirigi-me para a parede circular, nela abri uma espiral em expansão ascendente, e por ela me elevei. Atingi a superfície, onde pude de novo contemplar a beleza do mundo das formas; a direcção ainda estava em mim e por ela segui. Pelo caminho, as árvores me ensinaram a trepar e me ofereceram seus maduros e saborosos frutos.

Encontrava-me agora no meio duma bela e fértil planície por onde o riacho serpenteava; lá ao fundo, na direcção por ele apontada elevava-se, majestoso, um alto monte, onde já se adivinhava a origem, a fonte; para lá me dirigi quase em linha recta, era fácil caminhar naquela planura, os pés quase nem necessitavam dos olhos para pisarem firmes na boa senda, de modo que o olhar ficava mais livre para apreciar a paisagem; e a paisagem ensinou-me a ver; ensinou-me a olhar ao longe, a perscrutar distantes horizontes, a aspirar a grandes viagens, a imaginar espaços infinitos, mas ensinou-me também a olhar bem perto, a observar os pormenores, a descobrir a beleza nas mais ínfimas estruturas, a contemplar o fantástico e infinitesimal ponto, e igualmente me mostrou a melhor maneira de olhar a meia distancia, como perceber o significado daquelas formas diluídas e misturadas, evidenciando-me a semelhança que existe entre o que está longe e o que está perto, levando-me a ver o longínquo ao olhar para o que está mesmo aqui, e a perceber o minúsculo observando o maior, fez-me compreender a imensidão, a pequenez, e todas as medidas.

Por essa beleza extasiante caminhei, até que ao sopé do monte cheguei. O regato trepava monte acima, qual hábil cabra montesa, enquanto suas águas desciam velozes pelas vertentes escarpadas, podia-se quase sentir a proximidade da fonte, mais um derradeiro esforço naquela última escalada e finalmente a sede seria saciada. Porém a tarefa não se apresentava fácil, a parede abrupta seguia quase na vertical, aqui e ali podiam-se vislumbrar alguns degraus naturais abertos na rocha viva, além um ténue carreiro espraiava monte acima, plataformas saltitavam de quando em quando; o caminho era indefinido, a não ser o do próprio regato, mas esse era demasiado escorregadio e vertiginoso para que por ele pudesse subir, além disso teria de ir contra a corrente, não, esse era o dele, não o meu; porém convinha-me não o perder de vista, pois a qualquer momento podia se enfiar monte adentro, e se o deixasse de ver poderia muito bem acontecer que continuasse a caminhar e a trepar indefinidamente sem alcançar a fonte, tendo mesmo de retroceder; pois, só a fonte sabe a altura exacta do seu nascimento. Por onde seguir?... Ora aqui se mostrava um apoio firme, ora ali já era falso, ora aqui estava visível, ora ali totalmente oculto; como escolher assim, como escolher onde há só um, que porém se apresenta tão diversificado; sem escolha avancei; o próprio monte me dirigiu os passos, e se no plano eles eram todos semelhantes, aqui não havia um que fosse igual ao outro, e eram todos rigorosamente medidos, até as mãos caminhavam, descendo firmemente sobre o terreno; os próprios olhos, era o monte quem os dirigia, fazendo-os olhar em todas as direcções na procura do sentido mais firme. O monte, qual mestre inexorável me fazia avançar sempre, apesar de tudo; por vezes quase me levava ao desespero dirigindo-me o olhar para tremendos precipícios, para em seguida me, acalentar de esperança, mostrando-me novos caminhos; por eles fui içando.

O curso de água me trouxe ao monte, e o monte me levou à fonte. O líquido era puro e cristalino, e aí me dessedentei; a corrente me adentrou, e ao fazê-lo revelou-me um segredo:

Tal como por ti entro e te preencho, também pela montanha me adentro e aí ainda sou mais pura que aqui.

Logo a vontade me impeliu alimentando-me o querer e preenchendo-me o desejo. As correntes saiam dum furo aberto naquela imponente forma viva e, bem feitas as contas, e bem tiradas as medidas, era mesmo do meu tamanho.

Eu, que já tinha abandonado bastante carga ao longo do caminho, que tinha renunciado aos já poucos haveres, para melhor subir o monte, tive agora que me pôr completamente nu, libertar-me de tudo, pois neste minúsculo furo, só eu mesmo, tal como sou, caibo.

Penetrei, mergulhei em completa escuridão, deixei de sentir o que quer que fosse, fiquei como que imerso num enorme lago interior; não via, mas sabia, ali tudo era pureza, e a pureza me penetrou totalmente, e eu próprio me tornei puro, pois eu e o lago tínhamos-nos tornado um só, e toda a sabedoria do lago estava em mim, ali a pesca era abundante, ali havia de tudo, e muito pesquei; foi quando pesquei o conhecimento do ciclo da água e compreendi a sua magnânima generosidade, e extraordinária vida; como ela a todos se dá e a todos limpa, sem qualquer medo, sem qualquer excitação, sem nada pedir em troca, pois bem sabe que mais tarde ou mais cedo, toda por inteiro, a si mesmo retornará completamente limpa e pura, e que é precisamente o intenso calor que a faz quase desaparecer, que a purifica; sim, foi quando assimilei este conhecimento que se formou em mim o desejo de a ela me igualar; então precipitei-me por onde tinha entrado, e de novo vi a esplendorosa glória da luz do dia.

Meu caminho estava traçado, iria seguir com a linha de água ao encontro da foz, do meu destino.

Retomei as velhas roupas, lavei-as naquela pureza e de novo as vesti; desci pela outra margem, e, agora sem pressas, fui admirando as soberbas paisagens que se vislumbravam daquelas alturas; os precipícios já não me metiam medo, pois a sabedoria da montanha estava comigo, e o lago tinha-me contado tantos segredos, muitos dos quais ainda nem compreendia, mas que no entanto sabia, e a sabedoria guiava-me, como se eu fosse uma cabra cega a descer a montanha e cujos pés conhecessem de cor o caminho.

Continuei a caminhar, percorrendo com o olhar o espaço por onde antes tinha passado, e frequentemente lhe descobria novos e variados aspectos; e fui andando, andando, até que tudo isso ficou para traz. Segui sempre ao longo da corrente, mas sem me preocupar se dela estava longe ou próximo, simplesmente seguia o sentido indicado, e cada vez que sentia sede bebia de qualquer água razoavelmente limpa, pouco me importando se me iria fazer mal ou bem, pois agora estava em mim o segredo da pureza.

Por vezes, quando me apetecia, parava, respirando, apreciando e sentindo o ar que por ali soprava, trazido por correntes quase invisíveis e que atravessavam montes e vales, rios e oceanos, que conheciam muitas fontes e todas as nuvens, sim, apreciava aquele ar que já havia entrado e saído, de múltiplos seres, percorrido uma quase infinidade de narinas, das mais variadas e extravagantes espécies.

Por vezes descalçava-me e caminhava contente pelo renovador leito do ribeiro, e quando encontrava um local mais largo, calmo e profundo, aproveitava para nadar e mergulhar completamente nu, sem medo, sem vergonha, refrescando-me na profundeza e deleitando-me na superfície, e de novo limpo e de roupa lavada logo seguia.

Também gostava de tomar banhos de sol, completamente nu, e de todos os lados, claro; foi numa dessas alturas em que permaneci silencioso e totalmente imóvel, fixando o sol que me fixava, que o calor da iluminação me preencheu por completo; então, levantei-me dum salto, corri, dancei pela terra; mergulhei, nadei, revoluteei-me na água; lancei-me, estiquei-me, comunguei no ar; abracei, beijei, amei e fundi-me no fogo.

Vesti nova, bela e pura roupa, inalei o límpido ar, bebi a cristalina água, comi o delicioso fruto da terra; e me senti enorme, mesmo parecendo pequenino.

Foi fantástica esta pesca, mas lá segui o meu caminho, agora saltitando de margem para margem.

Além, um feliz encontro, este ribeiro encontrou um seu parceiro, e agora juntos caminhavam. Observei-os no seu alegre namorar, vi como se tocavam, como se interpenetravam, formando aqui um turbilhão e além uma bolha, estando no meio já completamente casados, sendo essencialmente um só.

O rio ora se expandia, ora se contraia, como que em subjectivos movimentos rítmicos, compassando o tempo.

Até que por fim encontrou a foz.

Um grande lago, um imenso mar, um infinito oceano que tudo abarca, o absorveu. Mas o rio nem um pouco se apoquentou, e eu sei porquê, pois ele me havia contado o segredo:

Todas as águas são uma só água, o princípio do rio está na fonte, o princípio do oceano está no rio, o princípio da nuvem está no oceano, o princípio da fonte está na nuvem. Que o princípio está no fim e o fim no princípio. Foi aí que pesquei a pescada de rabo na boca, aquela que antes de ser, já o era... pescada...

Foi aí que encontrei o meu destino e o meu projecto...

O espelho é imenso e contemplo as correntes que descem e as que sobem, e é uma maravilha assim contemplar...

Mas não foi com os olhos, ou com qualquer outro sentido que percebi tudo isto, não, pois naquela madrugada tudo se encontrava envolto por um obscuro nevoeiro, que tudo cobria e me encobria, sendo dificílimo discernir o plano de demarcação entre as águas de cima e as águas de baixo, nem mesmo se percebia onde acabava a terra e começava a água, de tal modo se encontravam mescladas naquele informe barro, o ar e a água eram vapor, vapor que penetrava no barro e o tornava apto a ser moldado, e o fogo luminoso penetrava nos mais pequenos orifícios, transmitindo o seu calor e a sua vida àquela matéria informe.

Foi preciso de novo me despir, pôr um pé em terra e o outro na água, uma mão em cima e a outra em baixo, para ser capaz de discernir a actividade dos elementos.

Deixei-me assim ficar nesse eterno instante, em absoluta quietude, em absoluto silêncio. Cabeça, tronco e membros como que se dissolveram completamente, fundindo-se num único ponto. Ponto este que se absorvia e se expressava, determinando a sua própria consciência. Ponto que era, que sou, que serei eu... Foi como se tivesse desaparecido totalmente e reaparecido numa explosão luminosa... Foi como se me tivesse pescado a mim mesmo...

Mas eu permaneci, mas eu permaneço, mas eu permanecerei...

Em mim mesmo me concentro, o infinito me rodeia, o infinito me atravessa. E a partir deste ponto infinitesimal infinito, a partir de mim mesmo, a partir desta essência, projectando-me desta eternidade, de nada me torno tudo, e de tudo retorno a nada. E assim crio a vibração primordial, neste espaço em que me manifesto, manifestei, e manifestarei. E nesta esfera, assim gerada, surgem múltiplas esferas a mim semelhantes, surgem todas as esferas desta manifestação, esferas com um centro, pelo qual foram geradas, e nesse centro está um ponto, ponto esse que és tu, mas que também sou eu, pois que é a minha expansão. E tu podes ser eu, se em ti completamente te concentrares e a mim regressares...

O centro toca a periferia e a periferia se une no centro, o amor é total, a perfeição é sensível, a vontade se expressa em plena harmonia.

E agora, o Sol está a pique, o ar está claro, a água está límpida, a terra frutifica.

Agora a pesca está completa.

Agora todos somos um, neste imenso aquário.

 

Gosto (3)
carregando...
3