Pedro Elias
on 1 October, 2022
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A ARTE E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - PARTE 2
Depois de escrever o post anterior fiquei a refletir sobre o assunto. Poderiam ser as obras criadas por uma I.A, arte? E o que seria arte afinal? Esta não é uma questão nova, e muitas são as correntes filosóficas e teorias sobre a mesma.
Uma dessas teorias, conhecida como a teoria da arte como imitação diz: Uma obra é arte se, e só se, for produzida pelo homem e imitar algo.
Esta teoria tinha um problema. Colocava de fora todas as correntes que não tentavam imitar o mundo real, como o abstracionismo, o surrealismo e até mesmo o impressionismo. Apenas obras figurativas ou que tentassem captar a realidade do mundo visível, imitando-o, seriam consideradas arte.
Surgiu então uma nova teoria para acomodar estas novas correntes, a teoria da arte como expressão, que dizia: Uma obra é arte se, e só se, exprimir sentimentos e emoções do artista.
Aqui tínhamos um outro problema que era como saber se a obra expressava ou não sentimentos ou emoções do artista? No máximo esta poderia invocar no observador emoções e sentimentos e estes poderiam ser atestadas pelo próprio, mas saber se o artista tinha sentido algo, ou não, enquanto pintava ficava no campo da especulação.
Surge então uma terceira teoria para resolver este problema, a teoria formalista que diz: Uma obra é arte se, e só se, provocar nas pessoas emoções estéticas.
Esta teoria coloca o foco nas reações do observador perante a obra, e se existir uma emoção estética à obra então esta seria arte. O problema desta teoria é que diferentes pessoas poderiam ter reações diferentes, uma ter uma reação estética e uma outra ficar totalmente indiferente, e neste caso como qualificar a obra? Esta terceira teoria, no entanto, conseguiria abarcar todas as formas de expressão, incluindo as obras criadas por uma I.A, porque o foco estaria na reação provocada no observador e não na obra em si.
Perante tudo isto, refletindo sobre o assunto, talvez necessitemos de uma nova teoria que eu poderia chamar de Teoria da arte como Função Espelho que poderia dizer algo como: Uma obra é arte se, e só se, colocar o observador diante de si mesmo numa interpelação que provoque um questionamento, seja este positivo ou negativo.
Aqui já não estaríamos no domínio da simples reação estética.
Ora a função espelho é algo que só pode ser impresso no objecto de forma magnética se existir um coração envolvido, e por isso mesmo, um canal para a alma se expressar. Essa impressão é realizada pelo coração do próprio artista se este estiver nesse diálogo interno quando cria. Este diálogo não tem que acontecer apenas com pessoas “espirituais”; um ateu pode imprimir mais alma na sua obra que um crente.
Ao ser impresso no objecto a função espelho, todos aqueles que o observarem serão remetidos para si mesmo, e um diálogo acontecerá entre a pessoa e ela própria a partir da obra. Mas não poderia esta teoria ter o mesmo problema da anterior, aquela que dizia que arte é toda a obra que provoca no observador uma emoção estética? Não, porque um espelho não deixa ninguém indiferente, ele reflete sempre alguma coisa, que pode até ser desagradável, de repulsa, mas algo é sempre refletido.
Assim, com base nesta teoria, as obras criadas por uma I.A não seriam arte, por não existir um coração envolvido capaz de imprimir na obra essa função espelho. Embora possam provocar uma reação estética, e por isso ser considerado arte do ponto de vista da teoria formalista, não provocariam um questionamento interno, uma catarse, um mergulho para dentro de nós. e assim não seriam arte do ponto de vista da teoria da arte como função espelho.
Fica a reflexão...
Nota: as imagens deste post foram criadas por um algoritmo de I.A a partir das frases que se encontram no título de cada imagem
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