Como levar a sociedade, a partir do ponto onde se encontra, com as suas desigualdades, crises ambientais e de recursos, estrutura económica degenerada e ruptura social e política, a uma sociedade ideal progressiva? Será preciso para tal um novo modelo económico que olhe para o mundo como ele realmente é, e que leve em consideração as contribuições da natureza às nossas vidas e à economia em si? Um modelo económico que vá além do conceito da maximização dos lucros garantindo que todos os recursos tenham uma máxima utilização, pois o lucro torna os indivíduos míopes e propensos a destruir a natureza e a esgotar os recursos naturais? Sem dúvida que sim!
A única maneira de resolver a crise ambiental e de recursos será através da remoção dos poderes desses indivíduos e às suas corporações para podermos decidir o nosso futuro. É necessário um sistema que mova o poder de decisão para quem está disposto a ter em conta os recursos disponíveis e a destruição do ambiente na tomada de decisões económicas. O sistema actual assenta em premissas que são comprovadamente falsas e insustentáveis não só para o planeta e para as pessoas como também para a própria actividade económica.
É necessário um economia descentralizada na qual as necessidades sociais e económicas estão garantidas constitucionalmente, a qual inclui uma visão espiritual universal de uma humanidade unida, um programa ecológico que incorpora tecnologias verdes eficientes e uma garantia mundial não só dos direitos das pessoas mas também dos direitos dos animais e da natureza. Uma economia que rejeita o lucro como o motivo principal para a actividade económica. Embora o lucro seja uma consideração práctica importante na forma como as empresas operam, não deve suplantar em importância preocupações como as necessidades do consumidor, o bem-estar da comunidade, a sustentabilidade dos recursos, a saúde ambiental, a equidade social e a satisfação do trabalhador.
Esta nova economia remete-nos para a importância das estruturas bio-económicas autosustentáveis tão necessárias para um futuro verde onde comunidades vibrantes projectam, elas mesmas, as suas casas, sistemas de energias renováveis, bem como moedas alternativas. Onde cada comunidade desenvolve o seu próprio plano económico impedindo a drenagem de riqueza reinvestindo no local com vista à autosuficiência e ao desenvolvimento máximo em todos os sectores da economia. De salientar a importância do cooperativismo como promotor da autoconfiança e independência económica que desenvolve o espírito comunitário. Pois, uma comunidade em que as pessoas coordenadamente trabalham juntas pode conseguir muito mais do que indivíduos actuando subordinada e separadamente. Uma vez que as empresas cooperativas são propriedade dos seus membros os lucros são aplicados na área local fazendo circular o dinheiro na comunidade.
Uma economia que não coloque os interesses colectivos acima dos interesses individuais, nem os interesses individuais acima dos interesses colectivos, mas concebe os interesses individuais e colectivos como estando inerentemente interligados. O bem-estar dos indivíduos reside no desenvolvimento do colectivo, e o bem-estar colectivo reside no desenvolvimento dos indivíduos. Uma economia que ofereça um enquadramento prático para a realização de ideais sociais fundamentais, tais como a democracia económica, a equidade social, a paz mundial e a proteção ecológica.
A libertação da sociedade só pode surgir a partir da consciência liberta dos indivíduos. Por isso, esta nova economia não deve dar primazia à mudança política, mas destacar a mudança cultural, a educação adequada do intelecto humano, o desenvolvimento moral, e o crescimento espiritual. Mais do que pela influência dos interesses partidários, a mudança do poder político deve ser conduzida por uma mudança de consciência colectiva, com uma base de valores sã e durável que resida na razão transcendental da existência material.